Alto, loiro, dono de olhos claros, formado em Administração, X. tem características que muitas mulheres procuram no mercado afetivo. Porém, aos 44 anos, nunca se casou. Solteiro e sem filhos, ele viu na doação de sêmen uma chance de deixar descendentes no mundo, mesmo que isso implique nunca conhecê-los. Assim como ele, homens que se dispõem a doar esperma ajudam pessoas com problemas de fertilidade a realizar o sonho de ter uma família, como mostra a novela “Sete Vidas”.
Na trama, Miguel (Domingos Montagner) faz uma doação nos Estados Unidos, onde algumas clínicas mantêm sites que permitem o encontro de filhos gerados com o material genético do mesmo homem, identificado apenas por um número — o processo, em quase todo o mundo, é sigiloso. A possibilidade de reunir meios-irmãos não existe no Brasil, que conta só com um banco de sêmen, o Pro-Seed, localizado em São Paulo.
— Em caso de vida ou morte, como necessidade de transplante, a clínica pode entrar em contato com o doador, mas ele decide se quer aparecer ou não. Para obrigar a revelação da identidade, é preciso recorrer à Justiça — explica o médico Arnaldo Schizzi Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia.
De acordo com o ginecologista Renato de Oliveira, da Criogênesis, faltam doadores de sêmen no Brasil.
— Para alguns, é uma ideia insuportável ter filhos e não conhecê-los. Para outros, doar é um gesto de amor em relação àquele que têm direito a formar uma família — afirma.
Doador tem perfil solidário
Em geral, doadores de esperma têm perfil solidário e também doam sangue ou medula óssea, destaca a médica Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução assistida e diretora médica do Vida — Centro de Fertilidade da Rede D’Or. Por ser um tabu, a maioria mantém o feito em segredo de suas famílias. São homens que viram de perto a luta de pessoas inférteis na tentativa de ter um filho, como o garçom Y. de 27 anos e pai de um menino de 4:
— Só quem tem um filho sabe a felicidade que é, e eu posso ajudar quem não consegue. A curiosidade de saber quem serão as crianças geradas com meu sêmen existe, mas eu posso conviver com isso.
Para X., que sempre quis formar uma família, a doação de sêmen tira um peso existencial de suas costas.
— Se não deu certo para mim, pode dar para outros, com a minha ajuda — diz.
Segundo a especialista em reprodução Vera Brand, diretora do Pro-Seed, casais preferem o esperma de doadores de olhos e cabelos castanhos, de cerca de 1,75m. Solteiras optam mais por homens altos, de cabelos e olhos claros.
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