terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Itaguaí: Vereadores somem e não assinam pedido de abertura de CPI

Invista Informa:

Apenas dois parlamentares assinaram documento. Série de denúncias pesam contra o prefeito Luciano Mota (PSBD)

A falta de explicações do prefeito de Itaguaí, Luciano Mota (PSDB), diante das acusações da Polícia Federal sobre desvio de verba pública, parece não incomodar o Legislativo. Nesta segunda-feira, apenas dois dos 17 vereadores escolhidos pelo povo assinaram um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o acusado. O ofício, no entanto, que poderia ocasionar o afastamento do prefeito durante uma sessão extraordinária, necessitava de seis adesões.

Segundo a oposição, esta não é a primeira vez que Luciano parece encontrar refúgio no Legislativo. Em outubro deste ano, após requerimento do vereador Jailson Barboza (PRP) para que o prefeito comparecesse à Câmara para prestar esclarecimentos sobre licitações suspeitas e gastos exorbitantes na festa da cidade, apenas os mesmos dois políticos, num total de 12 presentes na sessão, votaram a favor da necessidade de explicações.

 “Na última sexta-feira, quando houve a chegada da Polícia Federal, havia um clima de revolta. Mas hoje não conseguimos encontrar nossos colegas para que o documento fosse assinado. Precisávamos de seis assinaturas (um terço dos vereadores) para que uma sessão extraordinária fosse aberta diretamente em 24 horas. Mesmo assim faremos o pedido ao presidente da Câmara para o afastamento. E esperaremos uma resposta da casa”, explicou o vereador Jailson, que, ao lado do vereador Willian Cezar (PT), afirma ter percorrido, inclusive, os endereços dos colegas de trabalho, uma vez que o recesso na Câmara já teve início. 

Na prefeitura, a assessoria de imprensa de Luciano afirmou que ele havia passado parte do dia na capital, em reunião. No entanto, segundo políticos da região, o prefeito teria se reunido em seu gabinete com pelo menos oito vereadores da base aliada. Um desses vereadores, Vicente Rocha (Solidariedade), foi visto deixando a sede do poder público municipal no início da tarde.
Além de não conseguir encontrar o prefeito, a reportagem também tentou falar com alguns vereadores, mas não obteve sucesso até o fechamento desta edição.

Na última sexta-feira, durante a Operação Gafanhoto, agentes da Polícia Federal apreenderam 13 pastas com nomes de supostos funcionários fantasmas da prefeitura. Cada uma destas pastas, de acordo com as investigações da PF, pode estar ligada a um vereador do município. Uma das suspeitas é que os parlamentares envolvidos tinham uma ‘mesada’ de R$ 80 mil a R$ 100 mil com as contratações fantasmas de pessoas que recebiam até R$ 7 mil.
PF apura irregularidade em contrato de coleta de lixo

Nesta segunda-feira, o secretário de Meio Ambiente de Itaguaí, Cosme Giovanni, prestou depoimento na Polícia Federal e afirmou desconhecer uma coleta de lixo seletiva na cidade.
Uma das suspeitas da investigação é que o contrato com a empresa Tristar, responsável pela coleta há dois anos, tenha sido superfaturado. Em 2013, a empresa recebeu, de outra licitada, segundo denúncia, a responsabilidade de recolher o lixo no município, mesmo sem licença ambiental.

Em janeiro deste ano, no entanto, após exatos 17 dias, a Tristar ganhou licitação no valor de R$ 31.699.957,56 milhões. “Isso representa o dobro do que uma antiga empresa ganhou na outra gestão. E foi um processo em tempo recorde. Fora isso, eles dizem que essa nova empresa faz coleta de lixo seletivo, fato negado pelo secretário de Meio Ambiente”, informou o delegado da Polícia Federal, Hylton Coelho, responsável pelas investigações.
Outro ponto que deve ser esclarecido é o fato de o contrato de prestação de serviço não ter sido assinado pelo secretário de Meio Ambiente, mas sim pelo de Transportes, Alex de Lucena, que, assim como o prefeito, apesar de ser suspeito, ainda não foi indiciado e não prestou depoimento.
A Polícia Federal acredita que o rombo nas contas de Itaguaí, com o esquema de pagamentos indevidos a fantasma, pode chegar a R$ 1, 5 milhão por mês. Mas os lucros com todo o esquema de desvio de dinheiro, segundo o delegado, giram entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões por mês. A prefeitura nega as acusações.

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